Descobri 5 Maneiras em Que Fui Injusto Comigo — E Isso Talvez te Ajude
uma conversa sincera e aberta sobre limites, perfeccionismo, sentimentos ignorados e a busca por compaixão.
Esse artigo é continuação do anterior. Prepará-lo mexeu muito comigo, gerou uma inquietação interna e acabei usando a escrita para organizar o pensamento e canalizar a energia de cura.
Nele trabalhei a frase “A Darci foi injusta comigo”, com a ajuda de um processo chamado “The Work”. Darci é um nome fictício de uma pessoa real e próxima, com a qual eu vinha tendo sérios problemas de relacionamento.
Ao final desse processo, cheguei a uma conclusão irrefutável e que me causou um baque interno: “Eu fui injusto comigo”.
Comecei me questionando o que era a injustiça e listei as várias formas que estava sendo injusto comigo mesmo. Todas elas soaram como verdade. Sim, eu estava me maltratando de muitas maneiras e não percebia.
Ao final, após ter elaborado em profundidade cada um desses pontos, me dei conta de que sentia um alívio profundo, sem explicação. Algo estava mais leve.
Então, resolvi escrever esse artigo.
Vamos ! Vou te contar essa história com um pouquinho mais de detalhes.
Justiça Interior
No fundo, tudo começou quando me perguntei: “De quantas e quais formas você está sendo injusto consigo mesmo?”
Para responder, tive que me perguntar: “O que é ser justo comigo? O que é justiça?”
Segundo a Wikipedia:
“Justiça é um conceito abstrato que se refere a um estado de interação social ideal onde há um equilíbrio, por si só, razoável e imparcial, entre os interesses, riquezas e oportunidades das pessoas envolvidas em determinado grupo social.”
Se considerarmos o grupo social como sendo o planeta terra e todos os seres vivos que nele habitam, estamos muito longe da justiça. Não há equilíbrio, não somos razoáveis e somos parciais. Somos extremamente injustos enquanto humanidade.
Não conseguimos justiça nem nos condomínios e ecovilas, quanto mais entre países. Pessoas ainda morrem de fome em um mundo capaz de nutrir a todos.
Muitas vezes não existe justiça nas nossas próprias famílias, pessoas que compartilham do mesmo sangue.
E qual é o primeiro lugar que temos que trabalhar e aplicar o conceito de justiça, antes de qualquer outro? Isso, dentro de nós mesmos.
Quero ser justo comigo. Se eu conseguir fazer só isso na minha vida, já terá valido a pena. Sim, pois em mim haverá equilíbrio, serei imparcial e reconhecerei a interdependência de todas as coisas. Assim é ser justo consigo mesmo. E eu quero isso.
Fácil de falar mas nem tanto de fazer, não é mesmo? Pois é, eu que o diga.
Mas vamos lá! O que se segue é o resultado do insight que tive ao trabalhar com a frase: “Eu sou injusto comigo”, que por sua vez derivou da queixa original “A Darci foi injusta comigo”.
A partir desse insight, listei e elaborei cinco maneiras pelas quais considero que fui injusto comigo mesmo.
1. Não sou fiel aos meus limites
Esse relacionamento com a Darci é o espelho de muitos outros que fazem parte do meu passado, distante e recente. Eu estava sofrendo um abuso moral novamente. Ela estava ultrapassando o meu limite e eu não percebia, de novo.
No passado foi assim inúmeras vezes. Eu não percebia que era eu que permitia que o outro ultrapassasse o meu limite. O meu “sim” para ele ressoava como um “não” para mim mesmo, e isso me fazia extremamente infeliz. Foi assim em muitos outros relacionamentos, até que o padrão emergiu agora.
É justo que eu tenha limites, e que eu declare esses limites. Fiz isso com a Darci, falei “sim” para mim e “não” para ela. A falta de diálogo criou uma grande distância entre nós. Isso doeu, mas para manter os meus limites internos eu tenho que ser fiel a eles.
O melhor, acima de tudo, é que passei a aceitá-la do jeito que ela é. A respeitar de verdade quem ela é, uma pessoa igual a mim. E ao mesmo tempo me dar o direito de escolher não conviver com ela, de manter distância enquanto as fundações básicas de qualquer relacionamento sejam estabelecidas entre as partes.
Uma lição muito forte sobre ser fiel aos meus limites internos. Graças que pude realmente enxergá-los com clareza.
Antídoto
Daqui em diante, todas as vezes que eu estiver acusando alguém ou a mim mesmo de injusto, vou me lembrar que é possível que eu não esteja lidando bem com meus limites internos.
2. Não honro o que sinto
Fazer o “The Work” sobre esse relacionamento foi muito revelador.
E uma das coisas que veio à tona foi o quanto é importante honrar os meus sentimentos, tanto os “bons” quanto os “ruins”. Durante pelo menos dois anos vivi uma montanha russa de sentimentos com a Darci, onde expressei o que eu sentia. Ora algo muito amoroso e que nos unia, ora algo muito disruptivo que nos separava.
Acho que é isso que as pessoas querem dizer com a pessoa ser ela mesma. Tem a ver com ser autêntico. Eu sempre me considerei autêntico. Porém falar sem pensar nas consequências pode ser uma autenticidade muito prejudicial.
Quando me dei conta das inúmeras vezes que maltratei a Darci em nossas interações, a “ficha caiu”. Honrei o que havia dito e me comprometi a não repetir isso com ela e com nenhuma outra pessoa.
Tivemos muitos momentos bons e especialmente gostosos, onde estávamos conectados de verdade, e agradeci a vida por esses momentos, onde compartilhamos nossas essências juntos.
Esse sou eu, completo, o que diz coisas bonitas e belas, mas que também fala e pensa um montão de besteiras.
Antídoto
Todas as vezes que eu for injusto comigo ou com alguém, vou me lembrar de reconhecer e honrar o que eu sinto, quer seja “bom” ou “mau”.
3. Busco ser perfeito à qualquer custo
Desde que eu me entendo por gente, quis ser o primeiro, estar na frente de todos. De origem humilde, tive que lidar com muitas responsabilidades cedo na vida, por conta de um pai alcoólatra e um lar completamente disruptivo. Tudo isso me transformou em um perfeccionista, porque eu não queria repetir aquele padrão familiar, especialmente o que vinha do meu pai.
Mas todo perfeccionista falha. E eu comecei a falhar. Bastante!
E depois de assumir cada falha, as vezes grande, as vezes pequena, vinham as perguntas:
“Como pude deixar chegar a esse ponto? Será que não aprendo com os meus erros? Eu, de novo nesta situação? Puxa, mais uma burrada prá coleção?”
são apenas algumas das perguntas que cruzaram a minha mente perfeccionista, e que claro sempre, em 100% das vezes me fizeram sofrer, porque induziram a culpa.
Fazendo o “The Work” com a Darci eu percebi o quanto eu estava tentando ser perfeito com ela, estar bem com ela, somente para, no fundo, aparentar um relacionamento harmonioso.
Iluminar essa questão foi muito curativo para mim, muitas outras coisas foram curadas juntas. Ser perfeito é fácil - basta apenas fazer o que tenho que fazer nesse momento. Todo o problema advém do fato de que eu costumo me esquecer disso com certa frequência.
Antídoto
Todas as vezes que me comportar de forma injusta comigo mesmo ou com outra pessoa, vou me lembrar de me aceitar como sou, incluindo os eventos que eu chamo de “falhos”. Eles podem não ser o que aparentam. Vou me lembrar também que sempre faço o meu melhor, segundo as minhas possibilidades no momento.
4. Foco no “fazer”
Uma das coisas que percebi é que estava tentando “salvar” o relacionamento com a Darci de muitas formas, mas sem nenhum tipo de retorno da parte dela. Tudo o que eu fazia não tinha eco. Fiz muitas coisas, e chegou uma hora que desisti. O melhor era silenciar. Ficar quieto. Não fazer nada, apenas aguardar o fluxo dos acontecimentos.
Isso me ajudou a aplicar a mesma ideia em outras áreas, como meu trabalho, por exemplo. Passei a perceber que essa mesma ênfase no “fazer” a qualquer custo para “salvar” algo, ou obter algo, ou chegar a algum lugar, estava me prejudicando. Passei a focar nas coisas essenciais.
Antídoto
Todas as vezes que eu for injusto com outra pessoa ou comigo mesmo, vou me lembrar que posso escolher praticar o “não fazer” e o “deixar acontecer” sem culpa. E todas as vezes que sentir o peso do excesso de trabalho, posso me lembrar da mesma coisa.
5. Esqueço da compaixão
Sou extremamente injusto comigo mesmo quando esqueço de ser compassivo comigo e com as outras pessoas e seres.
E faço isso com certa frequência quando julgo, especialmente a Darci. Todos os meus julgamentos me levam para longe da compaixão. E quando estou longe dela trato mal as pessoas, não me coloco no lugar delas e crio mais separação. Não gosto disso.
Agora, quando penso na Darci, com todos os seus “defeitos” (aos meus olhos), penso com compaixão, me colocando no lugar dela e desejando do fundo do coração que ela encontre a paz interior e a alegria, que ela seja feliz e próspera.
Fazer o “The Work” me trouxe esse entendimento, que ligou mente e coração.
Antídoto
Todas as vezes que eu for injusto, ou me sentir injustiçado, seja comigo mesmo ou com outra pessoa, vou me lembrar que posso me colocar no lugar dela e praticar a compaixão verdadeira, que é amor puro. Também vou me lembrar de praticar a autocompaixão.
Cara ou Coroa
O trabalho interior não tem fim. Isso é uma coisa que me deixa sempre muito impressionado.
Ter a possibilidade de aprender sobre si mesmo interagindo com outra pessoa é uma benção, e cada relacionamento para mim é sagrado.
Cada momento de estresse e sofrimento em um relacionamento pode se transformar em uma benção em nossas vidas. Pode não ser fácil, mas se formos persistentes, abrirmos o coração e nos prepararmos para altos e baixos, a recompensa pode ser um relacionamento harmonioso.
Meu relacionamento com a Rita, desde 1996 juntos, é um exemplo disso. Ela é uma grande professora para mim. Assim como a minha mãe de 82 anos que está morando conosco no momento. Outra grande professora.
E cada um dos relacionamentos da minha vida tem sido uma benção, que me ensina muitas coisas sobre mim mesmo.
Alguns dos pontos que relatei podem ter ressoado com você, outros não. De qualquer forma, espero de coração que tenha te ajudado de alguma maneira.
Para mim foi um exercício de escrita terapêutica, que me ajudou a organizar as ideias e compreender profundamente os impactos da crença em uma história (“Darci foi injusta comigo”).
Tudo tem dois lados. Cara ou coroa?
Com Amor,
Luiz Pontes
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