A Palavra Como um Ato de Amor
sobre como a crise atual na comunicação (verbal) entre seres humanos molda nosso mundo, e sugestões para melhorar.
Vivemos muitas crises ao mesmo tempo nos dias de hoje, e, a meu ver, uma das mais sérias é a crise da comunicação entre seres humanos.
Que ela existe, é fato. Basta olhar honestamente para o que estamos criando enquanto humanidade - conflitos intermináveis que geram sofrimentos intermináveis, cuja origem está na forma pouca respeitosa que tratamos uns aos outros. Isso vale para países, comunidades e membros da nossa própria família, e nós mesmos.
A forma com que tratamos as outras pessoas e seres determina a qualidade dos nossos relacionamentos. Dê antipatia, receba antipatia. Dê compreensão, receba compreensão.
E um dos componentes essenciais presente na forma com que tratamos as outras pessoas e seres é a palavra. Seja falada ou escrita, ela deixa uma marca muito forte a cada interação que temos com os outros. Pode unir ou separar, alegrar ou entristecer, reconhecer ou negar.
Vale a pena pararmos um pouco para refletir sobre o que significa expressar o que pensamos e sentimos através da palavra. Usamos essa ferramenta essencial da comunicação a nosso favor, criando um mundo de mais harmonia? Ou ao contrário, a utilizamos contra nós, criando mais separação e desunião?
Essa é uma reflexão importante, que funciona mais como um lembrete para que cada um de nós examine com honestidade como vêm utilizando as palavras nos relacionamentos do dia a dia. Nossa responsabilidade é enorme, e abaixo trago alguns pontos para aprofundar esse exame.
Falando do outro e com o outro
Quantas vezes apontamos o dedo e falamos dos erros e falhas das outras pessoas?
Aos olhos do mundo, às vezes temos razão, às vezes não. Mas a questão aqui não é sobre estar certo ou errado, e sim sobre perceber o tipo de mundo que criamos quando usamos as palavras de forma equivocada.
Sempre que julgamos alguém, pensando e falando sobre ela para outras pessoas, nós criamos um mundo de mais separação. Mesmo que estejamos respondendo a uma injustiça, temos que resistir ao direito de gritar, levantar a voz e falar impropérios em nome da indignação.
Para criar um mundo mais pacífico, devemos aprender a responder a partir do coração, usando palavras que unem e que vêm de uma honestidade emocional sincera.
Uma forma de praticar isso é falar na primeira pessoa, sempre partindo da sua experiência interior. Por exemplo, numa interação com uma pessoa próxima, ao invés de apontar o dedo e culpá-la, você pode dizer de forma autêntica o que está sentindo: “Eu estou muito chateado com você porque você vive apontando os meus defeitos”.
Quando aprendemos a nos comunicar falando na primeira pessoa, subimos um degrau e os relacionamentos ganham muito em qualidade. Perdemos o medo de sermos vulneráveis, e passamos a demonstrar os nossos sentimentos para as outras pessoas.
Essa é uma das lições mais importantes que eu aprendi participando e facilitando grupos da cura das atitudes: falar sempre na primeira pessoa. O que eu sinto é verdadeiro para mim, e eu assumo. Bom ou ruim, ele é meu.
Falando nas redes sociais
Com o advento das redes sociais, ficou muito mais fácil expressar nossas opiniões. Seja através da escrita, áudio ou vídeos, podemos falar o que pensamos e sentimos a qualquer hora e em qualquer lugar.
Por isso, fica ainda mais importante medir as palavras.
Quando nos expressamos nas redes sociais, qual é a nossa motivação? A comunicação surge de um lugar de calma e paz interior, ou de um lugar de medo, indignação, frustração e negatividade? Nossas curtidas, comentários e engajamento criam quais emoções dentro de nós?
E os aplicativos de troca de mensagem, onde estão os grupos que participamos, o zap da família? Nossa forma de expressão nesses grupos cria mais união ou separação? Existe tolerância e respeito nas palavras que usamos nas interações? Julgamos pessoas e situações usando palavras duras ou sarcásticas?
Hoje, mais do que em qualquer outra época, temos que avaliar a nossa motivação mais profunda quando nos expressamos nas redes sociais. É muito fácil “jogar” as palavras sem cuidado, o que pode ser extremamente perigoso. Se não zelarmos pelo que sai da nossa boca e teclado, podemos nos transformar em pessoas que contribuem para um mundo pior, e não melhor.
Use esse lembrete:
Hoje, antes de enviar qualquer mensagem de texto, áudio ou vídeo, ou antes de fazer ou responder qualquer post, vou lembrar, da maneira mais honesta possível, da minha real intenção nessa comunicação.
Despertando para a entonação
A entonação é a variação do volume, da frequência (harmônicos) e do ritmo da voz, no tempo.
Ela carrega significado e emoções. Uma mesma frase, por exemplo “Você tem que sair já!”, pode resultar numa emoção de alívio ou de tristeza, dependendo do contexto.
Você já percebeu que sua voz muda conforme algumas circunstâncias?
Eu me lembro como se fosse hoje do meu primeiro dia como instrutor de treinamento corporativo. Fui colocado numa fogueira, não estudei muito bem o tema da aula, e minha voz estava muito trêmula no início da aula, o que demonstrava meu medo e insegurança.
Se esse artigo te despertar para a atenção plena da sua voz, ficarei imensamente feliz. Com ela, você poderá começar a perceber mais precisamente quais são as ocasiões em que a sua voz muda, em que a entonação fica diferente. Será com aquela figura de poder que você teme? Ou com aquela pessoa (sim, essa mesmo) em especial, que é seu calcanhar de Aquiles?
Com essa consciência, começamos a perceber nuances da nossa comunicação com as outras pessoas, especialmente as mais próximas.
Um exemplo pessoal: percebi que minha voz muda quando eu fico impaciente, indignado e triste. O resultado disso é que passei a observar as emoções que chegam junto com ela. Rompantes de impaciência que antes eram comuns e se manifestavam com palavras cortantes, agora ocorrem esporadicamente.
Comece a prestar atenção na entonação da sua voz nas mais diversas situações e com as pessoas com as quais você se relaciona. Percebendo as emoções que vêm junto com as entonações, você pode agora escolher quais quer se livrar, e quais quer fortalecer.
A escuta como caminho para aprimorar a fala compassiva
Quando paramos diante de uma pessoa e ficamos em silêncio com o objetivo de escutar de forma empática, aprendemos sobre o mundo dela e podemos criar novos pontos de vista, que passam a levar em consideração sua história e condições de vida.
Essa prática é comum nos grupos de suporte da cura das atitudes. Um dos pilares mais importantes dos grupos é treinar a escuta. Quando uma pessoa do grupo fala, as outras ficam em silêncio. Se escutarmos com atenção plena, vamos aos poucos desenvolvendo empatia e compaixão, e isso se reflete em outras áreas da vida.
Os meus estudos de sound healing me mostraram que a fala e a escuta estão intimamente ligadas. Quanto mais desenvolvermos a escuta, mais as nossas palavras serão amáveis, firmes, empáticas e compassivas.
Faz parte da escuta a capacidade de ficarmos em silêncio. No mundo barulhento e ruidoso que vivemos hoje, essa é uma habilidade que necessitamos desenvolver. Quanto mais silêncio, mais escuta. E quanto mais escuta, mais passamos a falar a nossa verdade de maneira amorosa, usando as palavras apropriadas.
O conflito pode ser um pedido de ajuda
Podemos aprender a responder a qualquer conflito da nossa vida, usando as palavras mais apropriadas, aplicando o princípio #12 da cura das atitudes, que diz:
“Podemos ver a nós mesmos e aos outros como seres que ou oferecem amor, ou suplicam ajuda.”
Se formos capazes de perceber que ferimos a outra pessoa com nossas palavras porque no fundo queremos ser amados e compreendidos, a história muda completamente.
Igualmente, quando percebemos que as palavras carregadas de raiva da outra pessoa na verdade escondem o mesmo pedido de amor e compreensão, podemos escolher não retrucar, ou usar palavras mais amorosas e compassivas na comunicação.
A simples compreensão e prática desse princípio podem melhorar muito a forma como nos comunicamos com a outra pessoa - o que falamos e como falamos.
Na próxima vez que um conflito cair no seu colo, lembre-se desse princípio, ele vai ajudar você, não tenha dúvida.
Para finalizar
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Hoje, no mundo, precisamos urgentemente de mais palavras doces, de mais gentileza.
Como diz o profeta Gentileza (José Datrino) na voz de Marisa Monte:
O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor, palavra que liberta
Já dizia o profeta
Gentileza - Marisa Monte
Com Amor,
Luiz Pontes
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